A Paz e a Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo amados!
“Ou não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo, que habita em vós, o qual recebestes de Deus e que, por isso mesmo, já não vos pertenceis? Porque fostes comprados por um grande preço. Glorificai, pois, a Deus no vosso corpo” (I Coríntios 6, 19).
Gozamos da condição de criaturas do Senhor, e como tal, somos participantes da natureza divina. O pecado original, ainda que tenha impresso em nossos corpos e almas a mancha da desobediência, que nos impulsiona ao orgulho, à soberba, à vaidade, ao conflito entre a vontade da carne e a vontade do Espírito (Gálatas 5, 16), já não é capaz de nos escravizar, pois recebemos através do sacrifício de Jesus Cristo a realização da promessa de Deus feita aos homens, qual seja, o retorno à condição de Seus filhos e o perdão dos pecados: “Porquanto os filhos participam da mesma natureza, da mesma carne e do sangue, também ele participou, a fim de destruir pela morte aquele que tinha o império da morte, isto é, o demônio, e libertar aqueles que, pelo medo da morte, estavam toda a vida sujeitos a uma verdadeira escravidão” (Hebreus 2, 14-15)
A ressurreição gloriosa de Jesus também resplandeceu em nós um avivamento do Espírito, pois lavados das trevas que em nós habitavam, o sopro de vida do Senhor agora alcança as profundezas de nosso coração, o qual permanecia selado para a Graça. Uma vez resgatados ao amor do Pai, somos conduzidos como Sal da terra e Luz do mundo (Mateus 5, 13-16) e fortificados a trilhar os caminhos de santidade para o qual somos todos chamados(Levítico 19, 2).
A participação nas realidades temporais as quais estamos inseridos, realidades de abandono da fé, de revolta contra o Criador, de crescente progresso técnico mas crescente miséria moral, exige dos filhos de Deus um renovado ardor apostólico e desassombro no testemunho do Evangelho (Efésios 6, 20), principalmente frente ao propagado relativismo da Verdade que induz os cristãos a reduzirem seu empenho humano e o exercício sua fé somente ao círculo comunitário da Igreja, de modo que na sociedade os induz a agirem como ateus. Por esta razão, o próprio Senhor capacita e inspira o homem, ainda que limitado aos sentidos da natureza. No sacramento do Batismo, recebemos o Espírito do Pai prometido por Jesus, e quanto mais crescemos na fé e na intimidade com o Senhor, mais exercemos a manifestação dos dons e dos carismas para Sua maior honra e glória.
No Gou Dominus de terça-feira (27/11), meditamos a mensagem contida do Evangelho de Jesus Cristo segundo São João, em seu capítulo 3, versículo 8, proclamada por nossa irmã Mariana, revestida da autoridade dos profetas do Senhor.
“O vento sopra onde quer; ouves-lhe o ruído, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai. Assim acontece com aqueles que nascem do Espírito” (João 3, 8).
O exercício dos carismas é uma graça concedida por Deus que, mesmo não necessitando da participação humana em Seu plano salvífico, sendo o puro amor em essência permite que O auxiliemos na edificação da Santa Igreja e da comunidade, na libertação e cura de nossos irmãos. Ele permite que experimentemos ainda no mundo a vida de Espírito e Luz que viveremos no céu. Os dons do Espírito são a iluminação divina e o derramamento sobrenatural de inspirações celestes sobre os homens que, em oração constante ao Altíssimo, pedem humildemente Sua poderosa intervenção em todas as situações nas quais, pela fraqueza humana, não podem superar. Cheios do Espírito Santo que recebemos no nosso Batismo, quando há uma efusão de sua presença, ou seja, quando nós, na condição de Templos do Espírito, não conseguimos contê-lo dentro da alma, transbordamos Seu amor, materializado em prodígios que ultrapassam a compreensão humana.
Na comunidade Cristo nos convoca a exercermos o ofício atribuído à todas as ovelhas de Seu rebanho: vida de Apóstolos no Espírito Santo, anunciadores do Evangelho revestidos da força do Alto. Não poucas vezes desacreditamos do poder da oração e do exercício dos carismas, por sabermos da pequenez instalada em nossos corações. Mas não é pelo nosso mérito, nem para vanglória pessoal que Deus concede a graça, mas para a conversão de Seu povo e para a vida da Santa Igreja.
“Há diversidade de dons, mas um só Espírito. Os ministérios são diversos, mas um só é o Senhor. Há também diversas operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. A cada um é dada a manifestação do Espírito para proveito comum. A um é dada pelo Espírito uma palavra de sabedoria; a outro, uma palavra de ciência, por esse mesmo Espírito; a outro, a fé, pelo mesmo Espírito; a outro, a graça de curar as doenças, no mesmo Espírito;a outro, o dom de milagres; a outro, a profecia; a outro, o discernimento dos espíritos; a outro, a variedade de línguas; a outro, por fim, a interpretação das línguas. Mas um e o mesmo Espírito distribui todos estes dons, repartindo a cada um como lhe apraz” (I Coríntios 12, 4-11).
O sopro do Espírito Santo em nós é livre e nos inspira a liberdade que gozam os filhos de Deus, basta que deixemos ser levados por sua suavidade. Somos chamados a ser, nestes dias, movidos pelo Espírito, Apóstolos dos Últimos Tempos (T.V.D., 55, São Luís Maria Grignion de Monfort), capazes de incendiar o mundo e renovar a face da terra!
Nossa Senhora, Rainha dos Corações, rogai por nós!
Do escravo de Maria,
Adelino.