sábado, 2 de março de 2013

Março, mês de São José

Sempre fui devoto de São José, graças a Deus; e há muitos anos me recomendo a Ele diariamente, bem como a todos os meus caros. Sinto sua especial proteção em tudo o que faço. Acabei de escrever um livro sobre este glorioso Santo, escolhido por Deus para ser o pai adotivo de Jesus. Pode haver honra maior para um homem?
Meu desejo de escrever sobre as Glórias de São José aumentou ainda mais depois que eu e minha esposa, Maria Zila, recebemos uma imensa graça que suplicamos a Deus por muitos anos, através da intercessão de São José.
Minha esposa adquiriu o hábito de fumar em sua adolescência e sempre fumou durante nossos quatro anos de namoro e noivado e mais trinta anos de casados. Mas sempre pedíamos a Deus a graça dela deixar este vicio. Há seis anos ela lutava com muitas orações e súplicas para deixar o cigarro; pois bem, no dia 1º de maio de 2002, pouco antes da Procissão de São José, que houve em nossa cidade de Lorena, eu disse a ela: “Vamos à procissão de São José, e depois você vai jogar a sua carteira de cigarros fora”.
Movida por Deus ela aceitou o convite e fomos acompanhar a Procissão de São José Operário; fizemos a ele o nosso pedido. Quando chegamos em casa ela jogou fora o seu último maço de cigarros, há quase seis anos atrás, e não mais fumou, depois de 35 anos de vício prolongado. Deus seja louvado! São Jose não falha!
A Igreja sempre venerou São José com muita honra e confiança e muito nos recomenda à sua intercessão. É por isso que no seu dia, 19 de março, a Igreja como que interrompe a quaresma, o sacerdote troca os paramentos roxos pelo branco, para celebrar o grande Santo.
São José permaneceu no silêncio e na mais profunda discrição para não atrapalhar minimamente a missão de Jesus, mas Deus quis que muitos Santos, Padres e Papas pudessem vislumbrar toda a sua grandeza e glória. Em uma aparição a Santa Margarida de Cortona, ela conta que disse Jesus:
“Filha, se desejas fazer-me algo agradável, rogo-te não deixeis passar um dia sem render algum tributo de louvor e de bênção ao meu Pai adotivo São José, porque me é caríssimo”.
Santo Afonso de Ligório (†1787), doutor da Igreja, garantia que todo dom ou privilégio que Deus concedeu a outro Santo também o concedeu a São José.
São Francisco de Sales, doutor da Igreja, diz que “São José ultrapassou, na pureza, os Anjos da mais alta hierarquia”.
São Jerônimo, doutor da Igreja, diz que: “José mereceu o nome de “Justo”, porque possuía de modo perfeito todas as virtudes”.
Se São José foi escolhido por Deus para Esposo da Virgem Maria, a mais santa de todas as mulheres, é porque ele era o mais santo de todos os homens. Se houvesse alguém mais santo que José, certamente seria este escolhido por Jesus para Esposo de Sua Mãe Maria. Nós não pudemos escolher nosso pai e nossa mãe, mas Jesus pôde, então, escolheu os melhores que existiam.
São Bernardo (†1153), doutor da Igreja, disse de São José: “De sua vocação, considerai a multiplicidade, a excelência, a sublimidade dos dons sobrenaturais com que foi enriquecido por Deus”.Os Santos Padres e Doutores da Igreja concordam em dizer que São José foi escolhido para esposo de Maria pelo próprio Deus.
É eloqüente o testemunho de Santa Teresa de Ávila (†1582), doutora da Igreja, devotíssima de São José. No “Livro da Vida”, sua autobiografia, ela escreveu :
“Tomei por advogado e senhor ao glorioso São José e muito me encomendei a ele. Claramente vi que dessa necessidade, como de outras maiores referentes à honra e à perda da alma, esse pai e senhor meu salvou-me com maior lucro do que eu lhe sabia pedir. Não me recordo de lhe haver, até agora, suplicado graça que tenha deixado de obter. Coisa admirável são os grandes favores que Deus me tem feito por intermédio desse bem-aventurado santo, e os perigos de que me tem livrado, tanto do corpo como da alma. A outros santos parece o Senhor ter dado graça para socorrer numa determinada necessidade. Ao glorioso São José tenho experiência de que socorre em todas. O Senhor quer dar a entender com isso como lhe foi submisso na terra, onde São José, como pai adotivo, o podia mandar, assim no céu atende a todos os seus pedidos. Por experiência, o mesmo viram outras pessoas a quem eu aconselhava encomendar-se a ele. A todos quisera persuadir que fossem devotos desse glorioso santo, pela experiência que tenho de quantos bens alcança de Deus…De alguns anos para cá, no dia de sua festa, sempre lhe peço algum favor especial. Nunca deixei de ser atendida”.
Próximo de Jesus e de Maria, São José é Estrela de primeira grandeza no Céu; por isso a Igreja lhe presta um culto de “proto-dulia”, em primeiro lugar na lista dos santos. Ele intercede e cuida da Igreja sem cessar, assim como, na terra, velava sem se descuidar, do Filho de Deus a ele confiado. Nos recomendemos todos a ele, todos os dias.
 
Prof. Felipe Aquino

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Na íntegra, última Catequese de Bento XVI – 27/02/13

Despedida

Cerca de 150 mil fiéis se reuniram na Praça São Pedro para ouvirem última Catequese de Bento XVI
Brasao_BentoXVI
Catequese
Praça São Pedro
Quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013
Boletim da Santa Sé
Tradução: Jéssica Marçal
 
Venerados irmãos no Episcopado e no Sacerdócio!
Ilustres Autoridades!
Queridos irmãos e irmãs!
Agradeço-vos por terem vindo em tão grande número para esta minha última Audiência geral.
Obrigado de coração! Estou realmente tocado! E vejo a Igreja viva! E penso que devemos também dizer um obrigado ao Criador pelo tempo belo que nos doa agora ainda no inverno.
Como o apóstolo Paulo no texto bíblico que ouvimos, também eu sinto no meu coração o dever de agradecer sobretudo a Deus, que guia e faz crescer a Igreja, que semeia a sua Palavra e assim alimenta a fé no seu Povo. Neste momento a minha alma se expande para abraçar toda a Igreja espalhada no mundo; e dou graças a Deus pelas “notícias” que nestes anos do ministério petrino pude receber sobre a fé no Senhor Jesus Cristo, e da caridade que circula realmente no Corpo da Igreja e o faz viver no amor, e da esperança que nos abre e nos orienta para a vida em plenitude, rumo à pátria do Céu.
Sinto levar todos na oração, um presente que é aquele de Deus, onde acolho em cada encontro, cada viagem, cada visita pastoral. Tudo e todos acolho na oração para confiá-los ao Senhor: para que tenhamos plena consciência da sua vontade, com toda sabedoria e inteligência espiritual, e para que possamos agir de maneira digna a Ele, ao seu amor, levando frutos em cada boa obra (cfr Col 1,9-10).
Neste momento, há em mim uma grande confiança, porque sei, todos nós sabemos, que a Palavra de verdade do Evangelho é a força da Igreja, é a sua vida. O Evangelho purifica e renova, traz frutos, onde quer que a comunidade de crentes o escuta e acolhe a graça de Deus na verdade e vive na caridade. Esta é a minha confiança, esta é a minha alegria.
Quando, em 19 de abril há quase oito anos, aceitei assumir o ministério petrino, tive a firme certeza que sempre me acompanhou: esta certeza da vida da Igreja, da Palavra de Deus. Naquele momento, como já expressei muitas vezes, as palavras que ressoaram no meu coração foram: Senhor, porque me pedes isto e o que me pede? É um peso grande este que me coloca sobre as costas, mas se Tu lo me pedes, sobre tua palavra lançarei as redes, seguro de que Tu me guiarás, mesmo com todas as minhas fraquezas. E oito anos depois posso dizer que o Senhor me guiou, esteve próximo a mim, pude perceber cotidianamente a sua presença. Foi uma parte do caminho da Igreja que teve momentos de alegria e de luz, mas também momentos não fáceis; senti-me como São Pedro com os Apóstolos na barca no mar da Galileia: o Senhor nos doou tantos dias de sol e de leve brisa, dias no qual a pesca foi abundante; houve momentos também nos quais as águas eram agitadas e o vento contrário, como em toda a história da Igreja, e o Senhor parecia dormir. Mas sempre soube que naquela barca está o Senhor e sempre soube que a barca da Igreja não é minha, não é nossa, mas é Sua. E o Senhor não a deixa afundar; é Ele que a conduz, certamente também através dos homens que escolheu, porque assim quis. Esta foi e é uma certeza, que nada pode ofuscá-la. E é por isto que hoje o meu coração está cheio de agradecimento a Deus porque não fez nunca faltar a toda a Igreja e também a mim o seu consolo, a sua luz, o seu amor.
Estamos no Ano da Fé, que desejei para reforçar propriamente a nossa fé em Deus em um contexto que parece colocá-Lo sempre mais em segundo plano. Gostaria de convidar todos a renovar a firme confiança no Senhor, a confiar-nos como crianças nos braços de Deus, certo de que aqueles braços nos sustentam sempre e são aquilo que nos permite caminhar a cada dia, mesmo no cansaço. Gostaria que cada um se sentisse amado por aquele Deus que doou o seu Filho por nós e que nos mostrou o seu amor sem limites. Gostaria que cada um sentisse a alegria de ser cristão. Em uma bela oração para recitar-se cotidianamente de manhã se diz: “Adoro-te, meu Deus, e te amo com todo o coração. Agradeço-te por ter me criado, feito cristão…”. Sim, somos contentes pelo dom da fé; é o bem mais precioso, que ninguém pode nos tirar! Agradeçamos ao Senhor por isto todos os dias, com a oração e com uma vida cristã coerente. Deus nos ama, mas espera que nós também o amemos!
Mas não é somente a Deus que quero agradecer neste momento. Um Papa não está sozinho na guia da barca de Pedro, mesmo que seja a sua primeira responsabilidade. Eu nunca me senti sozinho no levar a alegria e o peso do ministério petrino; o Senhor colocou tantas pessoas que, com generosidade e amor a Deus e à Igreja, ajudaram-me e foram próximas a mim. Antes de tudo vós, queridos Cardeais: a vossa sabedoria, os vossos conselhos, a vossa amizade foram preciosos para mim; os meus Colaboradores, a começar pelo meu Secretário de Estado que me acompanhou com fidelidade nestes anos; a Secretaria de Estado e toda a Cúria Romana, como também todos aqueles que, nos vários setores, prestaram o seu serviço à Santa Sé: são muitas faces que não aparecem, permanecem na sombra, mas propriamente no silêncio, na dedicação cotidiana, com espírito de fé e humildade foram para mim um apoio seguro e confiável. Um pensamento especial à Igreja de Roma, a minha Diocese! Não posso esquecer os Irmãos no Episcopado e no Sacerdócio, as pessoas consagradas e todo o Povo de Deus: nas visitas pastorais, nos encontros, nas audiências, nas viagens, sempre percebi grande atenção e profundo afeto; mas também eu quis bem a todos e a cada um, sem distinções, com aquela caridade pastoral que é o coração de cada Pastor, sobretudo do Bispo de Roma, do Sucessor do Apóstolo Pedro. Em cada dia levei cada um de vós na oração, com o coração de pai.
Gostaria que a minha saudação e o meu agradecimento alcançasse todos: o coração de um Papa se expande ao mundo inteiro. E gostaria de expressar a minha gratidão ao Corpo diplomático junto à Santa Sé, que torna presente a grande família das Nações. Aqui penso também em todos aqueles que trabalham para uma boa comunicação, a quem agradeço pelo seu importante serviço.
Neste ponto gostaria de agradecer verdadeiramente de coração todas as numerosas pessoas em todo o mundo, que nas últimas semanas me enviaram sinais comoventes de atenção, de amizade e de oração. Sim, o Papa não está nunca sozinho, agora experimento isso mais uma vez de um modo tão grande que toca o coração. O Papa pertence a todos e tantas pessoas se sentem muito próximas a ele. É verdade que recebo cartas dos grandes do mundo – dos Chefes de Estado, dos Líderes religiosos, de representantes do mundo da cultura, etc. Mas recebo muitas cartas de pessoas simples que me escrevem simplesmente do seu coração e me fazem sentir o seu afeto, que nasce do estar junto com Cristo Jesus, na Igreja. Estas pessoas não me escrevem como se escreve, por exemplo, a um príncipe ou a um grande que não se conhece. Escrevem-me como irmãos e irmãs ou como filhos e filhas, com o sentido de uma ligação familiar muito afetuosa. Aqui pode se tocar com a mão o que é a Igreja – não uma organização, uma associação para fins religiosos ou humanitários, mas um corpo vivo, uma comunhão de irmãos e irmãs no Corpo de Jesus Cristo, que une todos nós. Experimentar a Igreja deste modo e poder quase tocar com as mãos a força da sua verdade e do seu amor é motivo de alegria, em um tempo no qual tantos falam do seu declínio. Mas vejamos como a Igreja é viva hoje!
Nestes últimos meses, senti que as minhas forças estavam diminuindo e pedi a Deus com insistência, na oração, para iluminar-me com a sua luz para fazer-me tomar a decisão mais justa não para o meu bem, mas para o bem da Igreja. Dei este passo na plena consciência da sua gravidade e também inovação, mas com profunda serenidade na alma. Amar a Igreja significa também ter coragem de fazer escolhas difíceis, sofrer, tendo sempre em vista o bem da Igreja e não de si próprio.
Aqui, permitam-me voltar mais uma vez a 19 de abril de 2005. A gravidade da decisão foi propriamente no fato de que daquele momento em diante eu estava empenhado sempre e para sempre no Senhor. Sempre – quem assume o ministério petrino já não tem mais privacidade alguma. Pertence sempre e totalmente a todos, a toda a Igreja. Sua vida vem, por assim dizer, totalmente privada da dimensão privada. Pude experimentar, e o experimento precisamente agora, que um recebe a própria vida quando a doa. Antes disse que muitas pessoas que amam o Senhor amam também o Sucessor de São Pedro e estão afeiçoadas a ele; que o Papa tem verdadeiramente irmãos e irmãs, filhos e filhas em todo o mundo, e que se sente seguro no abraço da vossa comunhão; porque não pertence mais a si mesmo, pertence a todos e todos pertencem a ele.
O “sempre” é também um “para sempre” – não há mais um retornar ao privado. A minha decisão de renunciar ao exercício ativo do ministério não revoga isto. Não retorno à vida privada, a uma vida de viagens, encontros, recepções, conferências, etc. Não abandono a cruz, mas estou de modo novo junto ao Senhor Crucificado. Não carrego mais o poder do ofício para o governo da Igreja, mas no serviço da oração estou, por assim dizer, no recinto de São Pedro. São Benedito, cujo nome levo como Papa, será pra mim de grande exemplo nisto. Ele nos mostrou o caminho para uma vida que, ativa ou passiva, pertence totalmente à obra de Deus.
Agradeço a todos e a cada um também pelo respeito e pela compreensão com o qual me acolheram nesta decisão tão importante. Continuarei a acompanhar o caminho da Igreja com a oração e a reflexão, com aquela dedicação ao Senhor e à sua Esposa que busquei viver até agora a cada dia e que quero viver sempre. Peço-vos para lembrarem-se de mim diante de Deus e, sobretudo, para rezar pelo Cardeais, chamados a uma tarefa tão importante, e pelo novo Sucessor do Apóstolo Pedro: o Senhor o acompanhe com a sua luz e a força do seu Espírito.
Invoquemos a materna intercessão da Virgem Maria Mãe de Deus e da Igreja para que acompanhe cada um de nós e toda a comunidade eclesial; a ela nos confiemos, com profunda confiança.
Queridos amigos! Deus guia a sua Igreja, a apoia mesmo e sobretudo nos momentos difíceis. Não percamos nunca esta visão de fé, que é a única verdadeira visão do caminho da Igreja e do mundo. No nosso coração, no coração de cada um de vós, haja sempre a alegre certeza de que o Senhor está ao nosso lado, não nos abandona, está próximo a nós e nos acolhe com o seu amor. Obrigado!
BENTOXVI_assinatura

Fonte: http://papa.cancaonova.com/na-integra-ultima-catequese-de-bento-xvi-270213/

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

A Igreja não acreditava que o escravo tivesse alma?

No Programa “Fantástico” da Rede Globo, de domingo 21 out 07, foi dito que a Igreja aceitava a escravidão porque acreditava que os escravos não tinham alma. Ora, isto não é verdade, pelo que mostraremos adiante.
A escravidão é tão antiga quanto o ser humano. Em principio, estava associada às guerras em quase todos os povos; os vencidos eram feitos escravos, na Grécia, em Roma, mas também entre os incas e astecas do México antigo. O guerreiro vencido ser tornava propriedade do vencedor. Entre muitos povos também se tornava escravo do credor quem não pudesse pagar as suas dívidas, vendia a sua pessoa ou os seus filhos e familiares ao credor. Na Grécia praticava-se o rapto, especialmente de crianças, e as crianças abandonadas pelos pais podiam ser recolhidas como escravos. No período áureo de Atenas, havia na Grécia 15% de homens livres e 85% de escravos. Na Mesopotâmia havia escravos de certo nível cultural, eram prisioneiros de guerra, como muitos judeus deportados para a Babilônia no ano 570 a.C.. No Império Romano, os escravos faziam trabalhos domésticos, e podiam ter funções administrativas e burocráticas e até em altos cargos.Em alguns lugares os escravos podiam trabalhar por conta própria, pagando ao patrão uma parte do que ganhavam e juntar algum dinheiro para comprar a sua liberdade. Nos séculos II-I a.C. em Roma a escravatura atingiu o auge. Todas as atividades como agricultura, indústria, comércio, construção civil e outras atividades da civilização antiga dependiam da escravatura; sem isto nem a vida pública nem a doméstica se sustentariam no Império Romano, pode-se dizer que a sociedade romana se baseava sobre o trabalho escravo. Querer abolir a escravidão na Antiguidade equivaleria a querer acabar com o trabalho assalariado de nossos dias; a sociedade pararia de funcionar.
Isto explica porque o Cristianismo, embora ensinasse a igualdade de todos os homens (cf. Gl 3,28; Rm 10, 12; Cl 3,11; 1Cor 12, 13), não tenha podido e conseguido acabar de imediato com a escravatura no Império Romano. É bom lembrar que a própria Bíblia no Antigo Testamento, dentro do contexto da moral do tempo, reconhecia a escravidão de estrangeiros (cf. Lv 25, 44-55).
Tudo isso constituía uma mentalidade de peso, um forte traço da cultura da época. Note que entre certos povos a escravidão existiu até o século XX; por exemplo, somente em 1962 foi oficialmente abolida na Arábia Saudita. Um relatório apresentado em 1955 em sessão da ONU asseverava a existência de indícios de escravidão e práticas semelhantes ainda em determinadas regiões, como a península arábica, o Sudeste asiático, a África e a América do Seul. Recentemente espalharam-se notícias de que o Sudão (África) tem plena vigência a escravatura.
O Apóstolo São Paulo dava instruções a senhores e escravos a fim de que convivessem em harmonia. (cf; Ef 6, 5-9; Cl 3, 22-41; 1Cor 7, 21-23; Tt 2,9s); o escravo Onésimo, fugitivo do seu senhor Filemon, e depois batizado por São Paulo, foi devolvido pelo Apóstolo a seu patrão com uma Carta, que pedia desse um tratamento fraterno para o escravo cristão. Nas palavras de São Paulo a Filemon se vê com facilidade que ele amava o escravo como um ser humano, e não como alguém que não tivesse alma; e isto já por volta do ano 50.
O Concílio de Nicéia (ano 325), o primeiro que a Igreja realizou, afirma que escravos haviam sido admitidos ao sacerdócio.
O Papa S. Calisto, do ano 217, por exemplo, foi um escravo liberto. Ora, como a Igreja poderia ter acreditado, então, que o escravo não tinha alma? Muitos fatos históricos mostram que a Igreja sempre defendeu e protegeu os escravos, exatamente por ver neles filhos de Deus dotados de alma imortal.
Existia na Igreja a Ordem da SS. Trindade, desde 1198, e a dos Mercedários ou Nolascos desde 1222, destinadas a redimir os cativos detidos pelos Sarracenos. (cf. História de Portugal, vol. IV, Damião Peres (Dir.) Barcellos, Portucalense Editora 1932, p. 565).
Por acaso São Benedito (1526-1589), o santo negro, o Mouro, não foi descendente de escravos? Como a Igreja poderia canonizar um santo negro se não acreditasse que ele tem alma?
Em uma Carta do Papa João VIII, datada de setembro de 873 e dirigida aos Príncipes da Sardenha, ele diz:“Há uma coisa a respeito da qual desejamos admoestar-vos em tom paterno; se não vos emendardes, cometereis grande pecado, e, em vez do lucro que esperais, vereis multiplicadas as vossas desgraças. Com efeito; por instituição dos gregos, muitos homens feitos cativos pelos pagãos são vendidos nas vossas terras e comprados por vossos cidadãos, que os mantêm em servidão. Ora consta ser piedoso e santo, como convém a cristãos, que, uma vez comprados, esses escravos sejam postos em liberdade por amor a Cristo; a quem assim proceda, a recompensa será dada não pelos homens, mas pelo mesmo Nosso Senhor Jesus Cristo. Por isto exortamo-vos e com paterno amor vos mandamos que compreis dos pagãos alguns cativos e os deixeis partir para o bem de vossas almas” (Denzinger-Schönmetzer, Enquirídio dos Símbolos e Definições nº 668).
O Papa Pio II, em 7 de outubro de 1462, condenou o comércio de escravos como magnum scelus (grande crime).
O Papa Pio VII (1800-1823) enviou uma Carta ao Imperador Napoleão Bonaparte da França, em protesto contra os maus tratos a homens vendidos como animais, onde dizia: “Proibimos a todo eclesiástico ou leigo apoiar como legítimo, sob qualquer pretexto, este comércio de negros ou pregar ou ensinar em público ou em particular, de qualquer forma, algo contrário a esta Carta Apostólica” (citado por L. Conti, “A Igreja Católica e o Tráfico Negreiro”, em ‘O Tráfico dos Escravos Negros nos séculos XV-XIX”. Lisboa 1979, p. 337).
O mesmo Sumo Pontífice se dirigiu a D. João VI de Portugal nos seguintes termos:“Dirigimos este ofício paterno à Vossa Majestade, cuja boa vontade nos é planamente conhecida, e de coração a exortamos e solicitamos no Senhor, para que, conforme o conselho de sua prudência, não poupe esforços para que… o vergonhoso comércio de negros seja extirpado para o bem da religião e do gênero humano”.Pio VII também muito se empenhou para que no Congresso Internacional de Viena (1814-15) a instituição da escravatura fosse condenada e abolida
O famoso bispo de Chiapa, na América, Frei Bartolomeu de las Casas (1474-1566), levantou-se em defesa dos índios contra sua escravidão. No início do século XVI o dominicano Domingos de Minaja viajou da América Espanhola a Roma, a fim de relatar ao Papa Paulo III (1534-1549) os abusos ocorrentes com relação aos índios. Em conseqüência, o Pontífice escreveu a Bula “Veritas Ipsa” (1537), onde condena a escravidão:“O comum inimigo do gênero humano, que sempre se opõe as boas obras para que pereçam, inventou um modo, nunca dantes ouvido, para estorvar que a Palavra de Deus não se pregasse as gentes, nem elas se salvassem. Para isso moveu alguns ministros seus que, desejosos de satisfazer as suas cobiças, presumem afirmar a cada passo que os índios das partes ocidentais e meridionais e as mais gentes que nestes nossos tempos tem chegado à nossa notícia, hão de ser tratados e reduzidos a nosso serviço como animais brutos, a título de que são inábeis para a Fé católica, e, com pretexto de que são incapazes de recebe-la, os põem em dura servidão em que têm suas bestas, apenas é tão grande como aquela com que afligem a esta gente. Pelo teor das presentes determinamos e declaramos que os ditos índios a todas as mais gentes que aqui em diante vierem a noticia dos cristãos, ainda que estejam fora da fé cristã, não estão privados, nem devem sê-lo, de sua liberdade, nem do domínio de seus bens, e não devem ser reduzidos a servidão”.
Neste texto merece atenção especial a menção de índios e “das mais gentes”, que são os africanos. A uns e outros Paulo III quer defender. Por isto acrescenta:“Pelo teor das presentes determinamos e declaramos que os ditos índios e todas as mais gentes que daqui em diante vierem à notícia dos cristãos, ainda que estejam fora da fé cristã, não estão privados, nem devem sê-lo, de sua liberdade, nem do domínio de seus bens, e não devem ser reduzidos à servidão”.
Essa Bula de Paulo III teve grande efeito, tanto assim que a 30 de julho de 1609 El-Rey promulgou lei que abolia por completo a escravidão indígena: “Declaro todos os gentios daquelas partes do Brasil por livres, conforme o direito e seu nascimento natural, assim os que já foram batizados e reduzidos a nossa Santa fé católica, como os que ainda servirem como gentios, conforme a pessoas livres como são”.
Aos 24.4.1639 o Papa Urbano VIII (1623-1644) publicou o Breve “Commissum Nobis”, incutindo a liberdade dos índios da América. No seu Breve, o Papa ordenava, sob pena de excomunhão reservada ao Pontífice, que ninguém prendesse, vendesse, trocasse, doasse ou tratasse como cativos os índios da terra. Dispunha ainda que a ninguém seria lícito ensinar ou apregoar o aprisionamento dos mesmos. Por causa disso, revoltaram-se os colonos no Rio de Janeiro,
em São Paulo, em Santos e no Maranhão. Os Jesuítas foram perseguidos, sendo expulsos de São Paulo, Santos e do Maranhão, para onde só puderam voltar tempos depois.
Por outro lado, o segundo bispo do Brasil, D. Pedro Leitão (1559-1573), assinou aos 30.7.1566 na Bahia, com o Governador Mem de Sá e o Ouvidor Dr. Brás Fragoso, uma junta em defesa dos índios; defendia-os contra os abusos dos brancos e dava maior apoio aos aldeamentos instaurados pelos jesuítas.
O famoso Pe. Antônio Vieira (1608-1697), por vezes considerado como aliado dos senhores da terra contra os escravos, na verdade assumiu posição de censura aberta aos patrões. Disse ele:“Saibam as pretos, e não duvidem, que a mesma Mãe de Deus é Mãe sua… porque num mesmo Espírito fomos batizados todos nós para sermos um mesmo corpo, ou sejamos judeus ou gentios, ou servos ou livres” (Sermão XIV).
“Nas outras terras, do que aram os homens e do que fiam e tecem mulheres se fazem os comércios: naquela (na África) o que geram os pais e o que criam a seus peitos as mães, é o que se vende e compra. Oh! trato desumano, em que a mercancia são homens! Oh! mercancia diabólica, em que os interesses se tiram das almas alheias e as riscos são das próprias! “ (Sermão XXVII).
“Os senhores poucos, e os escravos muitos, os senhores rompendo galas, os escravos despidos e nus; os senhores banqueteando, os escravos perecendo à fome, os senhores nadando em ouro e prata, os escravos carregados de ferros, os senhores tratando-os como brutos, os escravos adorando-os e temendo-os como deuses. /…/ Estes homens não são filhos do mesmo Adão e da mesma Eva? Estas almas não foram resgatadas com a sangue do mesmo Cristo? Estes corpos não nascem e morrem como os nossos? Não respiram com a mesmo ar? Não os cobre o mesmo. céu? Não os aquenta o mesmo sol? Que estrela é logo aquela que as domina, tão cruel?”. (Sermão XXVII sobre o Rosário, in Sermões, vol 12, Porto, 1951, p.333-371)
Na Bula “Immensa Pastorum”, de 1741, o Papa Bento XIV (1740-1758) condenou a escravidão.
O Papa Gregório XVI (1831-1846) em 3.12.1839 disse: “Admoestamos os fiéis para que se abstenham do desumano tráfico dos negros ou de quaisquer outros homens que sejam “.
O Papa Leão XIII (1878-1903), disse na Carta “In Plurimis”, em 5.5.1888 aos bispos do Brasil:“E profundamente deplorável a miséria da escravidão a que desde muitos séculos está sujeita uma parte não pequena da família humana”.
O papel da lgreja frente à escravatura preparou a libertação dos escravos, assinada finalmente em 13/05/1888 pela Regente, Princesa Isabel. A fim de comemorar este evento, o Papa Leão XIII enviou à Princesa a Rosa de Ouro, sinal de distinção e benevolência de Sua Santidade.
Não fosse cansativo para os leitores poderíamos ainda encher páginas e mais páginas mostrando o belo trabalho da Igreja na defesa dos índios e dos negros. Mas creio que bastam os fatos citados para desmentir o anunciado pelo Programa Fantástico.
Bibliografia utilizada neste artigo: Revista “Pergunte e Responderemos”, Dom Estevão Bettencourt: N. 448/1999 – pg. 399-409; Nº 318 – Ano 1988 – Pág. 509; N. 267/1983, pp. 106-132; N. 274/1984, pp. 240-247.
Terra, João Evangelista Martins, “A Igreja e o Negro no Brasil”. Ed. Loyola 1983.
Bíblia, Igreja e Escravidão. Coordenador João Evangelista Martins Terra S. J. Ed. Loyola 1983.
Carvalho, José Geraldo Vidigal, “A Escravidão. Convergências e Divergências”. Ed. Folha de Viçosa, 1988.
Carvalho, José Geraldo Vidigal, “A Igreja e a Escravidão. As Irmandades de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos”. Instituto Histórico e Geográfico do Brasil, Rio de Janeiro, 1988.
Balmes, Jaime, “A Igreja Católica em face da Escravidão”, São Paulo 1988.
 
Prof. Felipe Aquino

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Indulgências: Padre Paulo explica o que são e quais seus efeitos

 

"A indulgência é a Igreja que vem em socorro do fiel que faz penitência para, como mãe, aliviá-la," explica Padre Paulo Ricardo.
"A absolvição sacramental livra a pessoa do inferno e a indulgência livra a pessoa do purgatório", explica o sacerdote da Arquidiocese de Cuiabá, padre Paulo Ricardo de Azevedo Júnior.
Segundo ele, o perdão dos pecados não resolve o problema das doenças espirituais do homem, portanto, as indulgências são necessárias para que os efeitos do pecado, ainda no coração humano, sejam curados.


As indulgências são uma realidade antiga na Igreja Católica. E no decorrer dos anos, foram motivo de questionamentos para muitos, como também foram, para os que creem, um meio de rezar pelos falecidos e buscar a remissão dos pecados.

Em entrevista à equipe do noticias.cancaonova.com, padre Paulo traz uma definição simples e clara sobre a realidade das indulgências. O sacerdote também explica como elas surgiram na Igreja, qual seu objetivo e o que fazer para obtê-las.
noticias.cancaonova.com - De forma prática e simples, como o senhor definiria as indulgências?
Padre Paulo - Para que as pessoas entendam o que é indulgência é necessário entender antes o que é pena temporal. Quando vamos nos confessar o sacerdote perdoa a pena eterna. Por causa dos nossos pecados, nós merecemos o inferno, então, o sacerdote perdoa os nossos pecados e com isso nós seremos salvos.
Mas, ao mesmo tempo, o pecado tornou o nosso coração pior, nosso coração não está pronto para entrar no céu. Se eu me confessar e morrer imediatamente após a confissão, eu estou salvo, mas não estou santo. Por que ainda não amo a Deus de todo o coração, de toda alma e todo o entendimento. Então, a pessoa que morre nesta situação vai para o purgatório e, ali, purifica-se.
A indulgência é a remissão deste tempo do purgatório. A absolvição sacramental livra a pessoa do inferno e a indulgência livra a pessoa do purgatório.
noticias.cancaonova.com - Como surgiram as indulgências na Igreja?
Padre Paulo - No início do Cristianismo, quando as pessoas iam recorrer ao Sacramento da Reconciliação, a ordem das coisas era diferente como nos tempos de hoje. Atualmente, nós vamos ao padre, ele nos dá o perdão dos pecados e passa uma penitência para cumprirmos depois da confissão. No início da Igreja, era diferente: a pessoa confessava os seus pecados, o padre passava a penitência e, então, a pessoa ficava cumprindo aquela penitência durante vários meses e, às vezes, longos anos para que, finalmente, fosse perdoada.
Acontece que nesta época, havia a perseguição da Igreja e também havia vários mártires. Então, os cristãos que estavam aprisionados e que iam morrer condenados à morte pelos perseguidores do Império Romano, muitas vezes, escreviam cartas aos bispos dizendo: "senhor bispo, eu vou morrer e a minha morte será uma penitência. Use esta minha penitência para remir as penas, para perdoar a penitência de outra pessoa".
Eram mártires que se ofereciam para cumprir penitência no lugar daquelas pessoas. A origem da indulgência consiste nisso: sabermos que somos um só corpo. E sendo um só corpo enquanto Igreja, a penitência, o martírio de alguns, pode servir para compensar a penitência de outros. Na verdade, essa história de amor está na raiz do surgimento das indulgências.
noticias.cancaonova.com - A questão das indulgências é uma prática antiga na Igreja e sofreu algumas incompreensões em certos momentos da história. A que se deve a visão negativa que muitos tiveram com relação às indulgências?
Padre Paulo - Deve-se principalmente à reação de Lutero àquilo que era a prática das indulgências na Alemanha, na época da reforma protestante. A Igreja acredita que essas penitências que o fiel faz, podem realmente remir a pena do purgatório. Seja do próprio fiel, sejam das almas que estão no purgatório.

Entre essas várias práticas penitencial, existe a esmola. Acontece que na época da Alemanha, do tempo de Lutero, havia alguns pregadores que estavam abusando da prática da esmola. Havia na realidade uma espécie de venda das indulgências, ou seja, as pessoas recebiam a indulgência gratuitamente, mas a obra penitencial exigida delas era uma esmola. Então, isso fazia parecer que os pregadores estavam vendendo a indulgência. Lutero se revoltou contra isso e a partir da sua reação houve a revolta protestante.
noticias.cancaonova.com - Por que é necessário buscar as indulgências mesmo após ter recebido o Sacramento da Reconciliação?
Padre Paulo - Por que o perdão dos pecados não resolve o problema das nossas doenças espirituais, ou seja, uma vez que nós formos perdoados, nós precisamos ainda assim fazer práticas penitenciais. Por que é a penitência que irá, aos poucos, tornar o nosso coração um coração melhor. A indulgência é a Igreja que vem em socorro do fiel que faz penitência para, como mãe, aliviá-la.
noticias.cancaonova.com - Qual a diferença entre a indulgência plenária e a parcial?
Padre Paulo - Indulgência plenária, o próprio nome diz, ela redime totalmente a pena que a pessoa teria que cumprir no purgatório. Enquanto a parcial, redime só em partes. A plenária é totalmente eficaz e definitiva para as pessoas mortas. Por exemplo, se eu tenho um parente que faleceu e cumpro uma obra indulgenciada, essa pessoa então, estaria liberta de todo o tempo do seu purgatório.
noticias.cancaonova.com - A Igreja ensina que para obter as indulgências o fiel precisa estar em estado de graça. O vem a ser este estado?
Padre Paulo - É um estado de amizade com Deus em que a pessoa não só recebeu o perdão dos pecados, mas também está disposta a abandonar qualquer tipo de pecado, até mesmo o venial.
noticias.cancaonova.com - Quais as outras condições para se obter indulgências? Quem pode e quem não pode recebê-las?
Padre Paulo - As indulgências plenárias, geralmente, consistem em uma obra que é indulgenciada e mais outras três condições: confissão, comunhão e oração pelo Santo Padre, o Papa. Estas três condições básicas sempre acompanham as obras que são indulgências plenárias.

A pessoa, para receber a indulgência, precisa ter condição para cumprir as obras. Se uma pessoa está em estado de pecado, numa situação irregular e não pode se confessar, logo, é evidente que ela não pode receber indulgência.
noticias.cancaonova.com - Quais as obras que, cumpridas, oferecem indulgência aos fiéis?
Padre Paulo - As obras podem ser: uma visita a um cemitério, uma Igreja, a um santuário; fazer uma peregrinação, dentre outras práticas. Mas, neste Ano da Fé, o Santo Padre indulgenciou o fato de as pessoas estudarem o Catecismo da Igreja Católica ou os documentos do Concílio Vaticano II.

Então, se as pessoas que, durante esse Ano da Fé, estudarem o Catecismo num certo tempo ou lerem piedosamente os documentos do Vaticano II, elas podem, fazendo aquelas três condições básicas de confissão, comunhão e oração pelo Papa, receber indulgências plenárias.


André Luiz
Da Redação
Canção Nova
 
Indicado por: Danilo Carvalho
Faculdade Católica

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Testemunho de vitória do Glauber

E esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé.” I João 5,4b
A maioria das pessoas que vão ler este texto tem conhecimento de que este final de ano e começo de 2013 não foi fácil para mim. No dia 11 de janeiro fui submetido a uma cirurgia para retirar meu apêndice (que alias estava muito deteriorado). O que parecia ser uma cirurgia simples acabou apresentando complexidades. Fiquei sabendo que a equipe médica teve que dar uma olhada e também uma “limpada” em grande parte dos órgãos do sistema digestivo. Todas estas atividades acabaram por deixar-me indisposto e debilitado. Tanto que somente tive alta hospitalar no dia 23 de janeiro.
Apesar de ser grato a RCC de Uberlândia pelas orações, visitas ao hospital e sacrifícios particulares em meu favor, não posso esconder que mediante tudo o que experimentei de negativo (as dores, a cirurgia, as incertezas) veio sobre mim uma angústia e abatimento. Naqueles 15 dias em que fiquei internado no hospital municipal, muitas vezes chorei. Era um choro de desânimo. Eram lágrimas de tristeza. Toda a situação vivida acabou por me colocar de frente com a milha finitude.
Porém eu tive o auxilio da graça de Deus em todos os momentos. Percebi que mesmo em meio ao sofrimento Deus me concedeu fecundidade. Talvez o termo fecundidade seja estranho para o contexto. Contudo, fecundidade é a palavra adequada para descrever o que experimentei com Deus neste tempo. Quando a “ficha cai” e percebemos que tudo é vazio e tudo podemos perder, só resta você e Deus. Parece que o mundo parou. Todos os valores, os relacionamentos são deixados em segundo plano. Eu percebi que tudo o que tenho é secundário. Somente Deus é, e basta. Deparar com finitude gera dependência. Quantas vezes eu fui dependente de coisas. Penso que sou dependente do meu carro. Penso que sou dependente do meu salário, dos meus familiares, da minha casa, do meu ministério, da minha formação acadêmica. Quantas dependências criei. Na verdade, a verdadeira dependência devemos ter Deus.
A presença de Deus é o que importa. A ação do Espírito Santo é o que importa. Por ser relembrado desta verdade eu posso afirma que meu sofrimento não foi estéril. Ele gerou modificação. Ele me aproximou de Deus, da sua vontade e do seu amor. E neste caminho que eu ainda estou trilhando, fui compelido a experimentar o versículo que está escrito acima. Somente vou ser vitorioso quando tiver fé em Jesus. A minha fé em Cristo é o que fará eu ultrapassar todos os obstáculos.
Percebi que não protegemos e nem mesmo cuidamos da nossa fé. Não a nutrimos de esperança. Não damos importância para o tamanho ou a consistência de nossa fé. Ficamos em nossa zona de conforto. Porém, é através da fé em Jesus que vamos ultrapassar todos os obstáculos. Sem fé, somos derrotados.
Peço ao Espírito Santo que a cada dia possa fazer com que cada servo fiel da RCC possa fazer uma experiência de poder viver e de poder “utilizar” a sua fé. Beata Madre Tereza de Calcutá diz que a fé é a força mais poderosa do mundo. E ela esta certa.
De forma especial, rezo para que a juventude de nossa diocese possa meditar sobre esta verdade. Percebo que a juventude esta muitas vezes desanimada. Os jovens estão sendo engolidos pelas mentiras e o lixo que o mundo oferece.
Dirijo-me a vocês jovens: comecem a cultivar a sua fé. Estudem, leiam bons livros, participem de uma comunidade cristã amorosa, leiam o Catecismo, busquem ler e estudar os pronunciamentos do Papa. Façam um pacto com Jesus, dizendo que a Bíblia será o livro mais venerado e honrado em suas vidas. Tenham uma vida sacramental. Jovem, procurando isto, Deus o honrará e o tornará uma pessoa abundantemente feliz.
Posso dizer que eu só ultrapassei todos estes sentimentos e este sofrimento porque tive fé em Cristo. E está é a minha vitória.
Que Nossa Senhora de Pentecostes abençoe a você e seja o seu consolo!
 
Glauber Silveira
Coordenador do Ministério Jovem de Uberlândia

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Nova coordenação do GOU Dominus - Um novo tempo de graça!

Queridos luquinhas!
Meu coração transborda de amor, não sei explicar, Deus já tinha avivado o meu amor pelo nosso Ministério Universidades Renovadas, e hoje reunimos para o discernimento da nova coordenação do GOU Dominus, e algo tão grandioso aconteceu, que o meu amor se multiplicou, estou amando mais do que antes a nossa missão, mas muitooo mais mesmo! rs
O que dizer? Coordenar o GOU Dominus foi uma experiência única! Foi um presente de Deus, quando eu fui escolhida eu estava vivendo dias difíceis, e Deus foi lá no chão e me reergueu, me deu amigos maravilhosos com intensidade de senti-los como irmãos, e pessoas que tem me ajudado a buscar a santidade todos os dias. Não vou dizer que esse tempo de coordenação foi a melhor fase da minha vida, porque Deus sempre tem algo mais, Ele sempre surpreende, mas foi um tempo que Ele cumpriu suas promessas, e me fez retomar a elas muitas vezes, às vezes por um puxão de orelha divino: “Quem é o Deus da sua vida? Eu Sou o Senhor do seu tempo! Eu tudo posso!”. Quantas vezes evitei situações mínimas de pecado, e até em sonho quando me sentia tentada eu acordava falando: Eu não posso fazer isso, sou coordenadora do Gou... kkk
É com a certeza que Deus derramou tantas graças na minha vida através dessa coordenação, que tenho a certeza que Ele vai derramar sua SHEKINAH na coordenação do meu grande amigo Adelino, Deus já tem promessas grandiosas para a coordenação dele, será um novo tempo, um tempo que a renovação carismática católica do Brasil está vivendo, que é o reavivamento!
O GOU Dominus ganhou um pai, no dia 05/02/2013 começamos uma nova página, um novo recomeço, uma nova unção, porque Deus faz nova todas as coisas!
 
“Derrama tua Shekinah sobre nós
Derrama tua Shekinah sobre nós
Não conseguiremos ficar de pé
Tamanha é Sua Glória sobre nós”
Um super abraço!
 
Lilia Cristina das Neves

Para quem está a espera!

Para aquelas(es) que esperam....olhem que lindo!!!!!!!!

Deus quer nos abençoar! No entanto, devemos guardar o nosso coração, não devemos nos precipitar! E para isso devemos esperar em Deus, o tempo certo! Mas qual é o segredo para isso?

Todo mundo tem desejo de se abrir completamente a alguém …
...
De ter a experiência de um relacionamento profundo …

De ser amado inteira e exclusivamente …

Mas Deus diz : ” Não …

… Só quando você se sentir completamente satisfeito, contente de ser amado apenas por Mim

Só quando você se der totalmente, e sem reservas a Mim

Quando você tiver um relacionamento pessoal e único …

Descobrindo que só Eu completo tua satisfação!

Então você será capaz do relacionamento humano completo que preparei pra você !

Você nunca será unido a outro ser enquanto não se unir Comigo.

Pare de fazer seus próprios planos!

Pare de criar seus próprios sonhos!

Deixe-me oferecer-lhe o plano mais emocionante que existe!

Um que você nem imagina! Eu quero o melhor pra você !

Permita que Eu lhe traga o melhor!

Coloque seus olhos em Mim…

Espere grandes coisas. Continue a experimentar a satisfação que Eu Sou!

Continue a escutar e aprender o que Eu lhe digo.

Aguarde…

Isso é tudo!

Sem ansiedade. Sem preocupação.

E não olhe para as coisas que você pensa desejar.

Eleve os olhos para o alto. Para Mim …

Pois do contrário vai perder o que Eu quero lhe mostrar!

Enquanto você e o seu “alguém” não estiverem preparados.

Enquanto ambos não se satisfazerem SOMENTE em Mim…

Não poderão experimentar as maravilhas que Eu reservo.

É o amor perfeito!

E Eu quero de coração que você tenha o mais lindo amor.

Estou operando agora mesmo!

Para que os dois estejam preparados simultaneamente!

Desejo que você veja em carne humana um retrato de seu relacionamento Comigo.

E que vivam uma vida completa em união eterna em Minha presença!

Saiba sempre que você tem o Meu amor completo!

Sou Deus, creia nisso!

E sinta sua vida completamente satisfeita!

Autor desconhecido (mas extremamente inspirado por Deus)
 
Indicado por: Angélica Reis

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Cultive a vida interior


Jesus disse que onde estiver o nosso tesouro, aí estará o nosso coração, a nossa vida. E é fácil saber qual é o nosso tesouro; pois Jesus disse também que a boca fala daquilo que está cheio o coração.

Do que você tem falado? Só de dinheiro, de carros, de casas, de viagens? Onde está o seu tesouro, dentro ou fora de você?

Você é alguém muito importante e isto não é uma invenção minha, é algo decidido por Deus ao fazê-lo Seu “filho”. Mas é imprescindível ter consciência disso e construir a vida sobre este paradigma, esta verdade existencial, para que a sua vida seja construída sobre bases sólidas.

Você já sabe que a sua dignidade está nisto: você é “filho de Deus”. Mas é preciso interiorizar esta verdade, fazê-la descer da cabeça para o coração, para a vida; isto é, passar a viver guiado por esta realidade; tê-la como o valor central da vida.
Não basta você chamar a Deus de Pai no Pai-Nosso, viva isto. Faça esta oração com profundidade… reze isto com a sua vida.
Contemple esta verdade sempre, continuamente, e conforme sua vida a ela. Se você fizer isto a sua vida será importante para você mesmo e sua autoestima não dependerá da sua posição social, do seu dinheiro ou das viagens que você faz.
Sem esta base sólida sobre a qual a vida deve ser construída, você estaria construindo a sua casa na areia movediça. É por faltar isto que a maioria das pessoas corre sem cessar, briga com os outros, não tem paz e tornam-se às vezes depressivas.
Pare de correr, e pergunte para você mesmo: Quem sou eu? O que preciso para ser feliz?
A resposta você já sabe; mas precisa aceitá-la, degustála no espírito e viver segundo ela.
Quando você começar a viver nesta nova dimensão de filho de Deus, irmão de Jesus Cristo, mesmo que as circunstâncias mudem, para melhor ou para pior, você não será abalado e triturado pelos acontecimentos desagradáveis.


Professor Felipe Aquino

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

I Partilha do ENF 2013

Queridos amigos!
 É difícil resumir em palavras o que foi o ENF (Encontro Nacional de Formação da RCC), além de me aprofundar no conhecimento da Igreja Católica, tive a oportunidade de deixar Deus agir muito em mim. Segue a primeira partilha, nas próximas eu vou passar os direcionamentos para o MUR, do wokshop e da pregação da Kátia (coordenadora nacional da RCC)
Logo de inicio o Vinicius (Coordenador nacional de formação) apresentou a importância de conhecer a nossa fé (totalidade do mistério salvífico), o tema do encontro foi: ESSA É A VITÓRIA QUE VENCE O MUNDO: A NOSSA FÉ 1Jo 5, 4b. De acordo com Bento XVI quanto mais você alicerçar a sua fé, mais você vai aderir a Jesus como seu Salvador, ao radicalismo do evangelho.
Quanto mais se conhece a Deus, mais você passa a amá-lo, mas você anuncia. Não é simplesmente o conhecimento acadêmico (teologia), mas todos são chamados a conhecer ao Senhor, a sua doutrina a Sua palavra. Você tem um dever e um direito, aprofundar a sua fé, conhecer a Igreja, a doutrina e ao seu Senhor. Conjugar fé e razão não é decorar e conhecer, mas traduzir o conhecimento na vida (passa da mente ao coração).
Devemos ser pessoas comprometidas com a civilização do amor: “Sal da terra e luz do mundo”.
Bento XVI nos convida a essa maturidade na fé. Convoca a igreja de Jesus Cristo a se aprofundar na sua fé. Passar de uma fé infantil, do arrepio para uma fé sólida, transformadora do meu interior e na vida dos meus irmãos. Conhecer os conteúdos do que se crê, gera uma fé firme, gera uma fé sólida. O papa não está dizendo que a formação é algo opcional, se você não gostar pode ficar no arrepio. O arrepio não resiste ao tempo da provação, esse tipo de pessoa vai buscar o slogam: Pare de sofrer! Ou Trago o seu amor em 3 dias...
Precisamos renovar o nosso compromisso com a formação do grupo de oração, começando por você! Um grupo de oração bem formado é um grupo de oração vigoroso, vive até a alma a identidade da RCC.
Devemos seguir a pedagogia de Deus, Deus é Deus, não é mágico, a capacitação é um processo, como Jesus fez com os discípulos durante 3 anos. Deus só dá aquilo que a gente pode suportar. A formação possibilita que o Espírito Santo possa expandir na sua vida, porque você vai ter matéria prima para oferecer ao Senhor.
A formação nos ajuda a ter a visão ampliada, a assumir nossos postos, e Deus vai revelando o que Ele quer, nos moldando de acordo com a sua forma.
Frases citadas:
“Eu creio para compreender, pois a fé abre os olhos do coração, mas também eu busco sempre compreender para melhor crer.” Santo Agostinho
“A fé não termina nas fórmulas mas nas realidades, no entanto é através das fórmulas da fé que que nos aproximamos dessas realidades.” São Tomás de Aquino
O Vinicius falou também sobre a importância de ter cuidado para não sermos supersticiosos, como por exemplo uma pessoas tem seu terço de estimação, e sem ele ela não faz oração, e outros rituais nos exercícios dos ministérios da nossa doutrina.
Precisamos nos aprofundar para não nos deixar levar pelo relativismo da fé.
Só abandona a igreja católica, quem não a conhece, e ele contou que Jesus apareceu para uma santa e deu uma visão de vários barcos, entre eles uma barca velha que ficava nhec... nhec... Sabe aquele barulhinho de madeira velha? rs E todos os barcos iam até que começou uma tempestade que foi levando todos os barcos, mas aquela barca velha ficou, ia para um lado e para o outro e as pessoas iam pendurando em cima para não cair, e ela perguntou para Jesus o que era aquele barco, e Jesus disse que era a Igreja Católica, e quem permanecer até o fim será salvo.
“Porque virá o tempo em que todos os homens já não suportarão a sã doutrina da salvação. Levados pelas próprias paixões e pelo prurido de escutar novidades, ajustarão mestres para si. Apartarão os ouvidos a verdade e se ajustarão as fábulas. Tu porém, sê pruente em tudo, cumpre a missão de pregador do Evangelho, consagra-te ao teu ministério.” 2Tim 4, 3-5
Lilia
Pedagogia - UFU

 

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

O Silêncio

Salve Maria amados!

Aprendamos, movidos pelas inspirações interiores proporcionadas pelo Espírito Santo, a adorar o Senhor no íntimo de nosso silêncio.

Segue um texto para refletirmos:

O silêncio é necessário para que se possa penetrar na grandeza incomensurável do Ser Supremo. Supõe maleabilidade e acessibilidade às influências das moções divinas. Isto é condição básica para atingir a maturidade espiritual que deve ser uma meta de todo aquele que tem fé. Um primeiro passo para se poder envolver inteiramente na luz celestial é evitar a dispersão, inimiga peremptória da concentração. O bulício é empecilho a um diálogo com Deus, pois “non in comotione Dominus", o Senhor não está na agitação. Quando se age longe do tumulto, esta atitude muito agrada a Deus. Os demais passos tornam-se mais fáceis. Entre o "mundo" e "Deus" o posicionamento se torna claro, radical e definitivo. Verifica-se o sim verdadeiro de quem quer estar unido ao Pai Celeste.

Eis por que é preciso aprender a fazer silêncio para que seja viável o aprimoramento interior e, em consequência, a transformação de todo o ser. É possível a taciturnidade mesmo que não esteja dentro de um mosteiro. Encontrar um espaço para estar a sós com Deus é questão de opção. Criar um ambiente para a abertura ao contato com o Espírito Santo significa a disposição implícita de escutá-lo, já tendo, inicialmente, o cristão se proposto à observância sincera e perseverante dos mandamentos sagrados do Decálogo e se colocado numa atitude de profunda humildade.
Dá-se, deste modo, a possibilidade da imersão no mistério do Deus três vezes santo. Desta maneira, as orações ganham sentido. O terço, por exemplo, torna-se uma prece vocal e, ao mesmo tempo, mental pela contemplação atenta dos grandes episódios bíblicos. A leitura pausada de trechos da Sagrada Escritura passa a propiciar oportunidade ímpar para que o Espírito Santo fixe suas diretrizes, as quais são então acatadas como resposta instantânea ao Seu Senhor. Ocorre, neste caso, a admirável adaptação da criatura a Seu Criador. Eis um primeiro fruto do silêncio.

Ele enseja ao cristão compreender que o estar com Deus não representa se alienar do que o rodeia numa fuga condenável das tarefas cotidianas e, também, do interesse pelo próximo. Ao contrário, revigorado com estes instantes de união com o Senhor, o cristão compreende que silêncio sem apostolado é vão egoísmo, e sem o cumprimento do dever de cada instante é fatuidade. Com efeito, aquele que se entrega a momentos de uma oração silenciosa coloca em ordem seu interior e quer, depois, irradiar paz, serenidade, tranquilidade, imperturbabilidade em seu derredor, fazendo bem tudo que deve fazer a bem dos outros. Apenas assim chega-se à sabedoria e à inteligência espiritual de que fala São Paulo aos Colossenses.

Esta sabedoria conduz a um comportamento digno do Senhor, tudo transformando em pensamentos, desejos e ações agradáveis a Ele .

É assim que a vida do cristão produz, de fato, frutos abundantes e o epígono de Cristo cresce continuamente no conhecimento de Deus numa sublime atitude perseverante e paciente (cf Cl 1,9-11). É preciso, portanto, saber e degustar todas as alegrias de se sentir salvo amado por Aquele que é o oceano infinito de amor. Tudo que aconteceu no passado fica entregue confiadamente à Providência e ela lança o cristão jubilosamente para o futuro, como ensina o referido São Paulo (cf.Fl 3,14). O dia de Deus se torna sempre presente, duração viva, sem trevas, tristezas, fobias. É que os momentos de silêncio se convertem em instantes felizes nos quais a alma como que, inefavelmente, toca o infinito.
Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho

 
Indicado por: Adelino Carlos Neto

ANDORINHAS Especial de Natal 2011 (em breve...)